Em assembleia, PMs da Bahia anunciam greve; SSP monitora situação

9 de outubro de 2019

Um grupo de policiais militares anunciou greve da categoria, por tempo indeterminado, a partir desta terça-feira (8). A decisão foi informada durante assembleia no final da tarde. Liderados por membros da Associação dos Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), os PMs reivindicam melhorias no Planserv, plano de carreira e reajuste do benefício da Condição Especial de Trabalho (CET).

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) atribui a decisão a um “pequeno grupo” dentro da corporação, e informa que a situação é monitorada.

O comandante-geral da PM, coronel Anselmo Brandão, negou que a paralisação anunciada pela Aspra represente o efetivo da categoria, e garantiu que os policiais continuarão nas ruas.

A assembleia ocorreu no Clube da Adelba, atrás do Shopping Paralela, onde os policiais mobilizados chegaram a cantar em coro: “Ô, a PM parou”. 

Segundo o coordenador regional da Aspra, Augusto Araújo Júnior, a categoria está tentando negociar há cinco anos com o governo do estado, mas, segundo ele, não houve retorno aos pedidos de reunião.

“A gente deu um prazo de cinco anos, período em que a gente está tentando conversar com o governador. Todas as entidades que são responsáveis por essa questão foram notificadas, receberam ofício com indicativo da possibilidade de paralisação, mas, infelizmente, não atendeu a esse pedido. Inclusive, foi dito que hoje era o dia D, o último dia em que ficaríamos esperando que o governo nos chamasse para negociar”, afirmou, justificando o fato de não terem recorrido ao “estado de greve”.

Os militares pediram também a intervenção dos Ministérios Públicos Estadual e Federal e do Tribunal de Justiça da Bahia. “Tivemos uma reunião com o Ministério Público Federal, o Estadual marcou uma reunião e depois desmarcou e não conseguimos uma reunião com o Tribunal de Justiça”, comentou Augusto.

No total, 11 pontos integram a lista das reivindicações, como a construção de um plano de carreira, de um código de ética e a reforma do estatuto da corporação.

Comandante

O comandante-geral da PM, Anselmo Brandão, afirmou que a mobilização se resume a um grupo de cerca de 300 policiais, a maioria da reserva.

“Quem fez essa declaração de greve foi o deputado Prisco. Ele e 300 policiais, a maioria aposentados, estão causando esse terrorismo na cidade, mas eu garanto que a nossa tropa continuará trabalhando e que estamos atentos a todo e qualquer episódio”, disse o coronel Anselmo.

“Ele (Prisco) está politizando o processo e isso não tem nada a ver. Nós somos técnicos, a tropa tem comando e um comandante que dialoga com a tropa. Não precisamos de interlocutores.  Ele está transformando isso em uma decisão política e não vamos aceitar”, completou.

Num dos vídeos da assembleia dos PMs, Prisco convoca os policiais que estão em serviço a recolher as viaturas. “O nome do movimento é segurança por segurança. Você não tem segurança nas ruas hoje. O nosso povo tá aqui, a nossa segurança tá aqui. Se você for pra rua, você pode ser alvejado pela crimininalidade que está aí. Então, fale pra os colegas que estão de serviço, recolham as viaturas, e não saiam, independente da pressão que receba”, diz ele, antes de voltar a puxar o coro de paralisação.

Comunicado da corporação

Em nota, a Polícia Militar ratificou que a greve é um movimento político e que tem a intenção de criar clima de insegurança. A Corporação garantiu que o policiamento será mantido dentro da normalidade.

“A Polícia Militar da Bahia garante o policiamento ostensivo em todo o estado e tranquiliza a população, que deve manter sua rotina normalmente. Reforça que o responsável pelas operações nas ruas é o Quartel do Comando Geral, que está pronto para atender a todas as demandas da sociedade.  Adianta ainda que, os policiais que não atenderem suas escalas responderão conforme Legislação Militar”, diz a nota.

O governador Rui Costa também negou a greve, durante transmissão ao vivo pelo Facebook. Ele acusou Prisco, sem citar o nome do deputado, de fazer uso político-eleitoreiro da questão. “Chega de colocar a sociedade em pânico, a Bahia não quer isso, a Bahia não quer ser ameaçada. A Bahia não quer ver deputado, ou líder, dizendo que vai tocar fogo em ônibus escolar. Já basta o que fizeram com nosso país. A Bahia não aceita isso. A Bahia quer trabalhar”, diz.

O prefeito ACM Neto também comentou o tema. Ele disse que o momento não é de fazer especulações e frisou que o assunto precisa ser tratado com seriedade. “Eu não tenho conhecimento da extensão desse movimento e, por tanto, não me sinto à vontade para fazer qualquer juízo a respeito. Esse é um assunto muito sério. Já vimos outras greves na cidade e no estado que tiveram consequências muito importantes de violência e restrição da mobilidade, e que não vou politizar de maneira alguma. Não vou responder a qualquer provocação que possa querer insinuar ou induzir que qualquer grupo político está por trás desse movimento. É o tipo da colocação que não contribui em nada nesse momento, não é uma colocação responsável”, afirmou.

População aguarda

A vendedora Claudia Santana, 46, afirmou que soube da greve quando se arrumava para sair de seu posto de trabalho em um shopping próximo à estação da Lapa.  Ainda sem saber se a greve era verídica ou não, a moradora do bairro de Colina Azul aguardava do lado de fora da superlotada estação. “Ainda não sei muito bem o que vou fazer. Tem que aguardar, né? Fico preocupada com assalto”, desabafou enquanto falava com o marido no celular, tentando uma carona. Correio 24 horas 

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