Um ato inédito em todos os tempos da justiça de Guanambi. A 4ª Promotoria de Justiça de Guanambi – MPBA, representada pelo promotor Dr. Elias Silva Rodrigues, e a 1ª Vara Crime de Guanambi – Poder Judiciário, representada pela juíza Dra. Cecília Angélica de A. Frota Dias, se reuniram nesta sexta-feira, dia 14, às 17h, na sede da Promotoria Regional de Guanambi, para homenagear a coordenadora da Ronda Maria da Penha, Ten. PM Jacimara Moura Ornelas, pela distinta atuação na coordenação da Ronda Maria da Penha.
Virgínia Aranha, Mariana Costa, Jacimara Ornelas, Elias Silva, Cecília Dias, Edvard Castro.
A 4ª promotoria responde pela violência doméstica, criminal e júri. Segundo o promotor Elias Silva, quando teve contato a Ten. PM Jacimara e conheceu o seu trabalho, quando aqui chegou, “desde o início observei a dedicação exercida pela Ten. Jacimara, a seriedade, o compromisso e profissionalismo”, pontuou.
O Promotor Elias também ressaltou um pedido ao novo comandante do 17º Batalhão, o Ten. Cel. Hamilton Ferreira, para que tratasse o tema Ronda Maria da Penha como prioridade, pois a Ronda Maria da Penha encontra-se sem veículo e policiais para ajudar a Ten. Jacimara a dar assistência às mulheres que estão sob medida protetiva.
“A Ten. Jacimara é pró-ativa, dedicada para assistir as mulheres que pedem ajuda qualquer hora do dia, da noite, fim de semana, feriado. Ela tem o abraço, o conselho, o ombro amigo, chora junto, é psicologa, assistente social, já ajudou mulheres a sair da casa do agressor, promoveu a libertação de tantas mulheres do julgo e do ciclo de violência”, narra o promotor como alguém que acompanha de perto as agruras da coordenadora vencendo as limitações profissionais para não deixar nenhuma mulher desassistida.
O promotor finaliza o seu discurso reafirmando que a homenagem junto a Dra. Cecília, juíza da Vara Crime, à Ten. Jacimara Ornelas foi para demonstrar o reconhecimento pelo valoroso trabalho e tentar motivar e criar engajamento com todos os envolvidos da rede de proteção às mulheres. O promotor reafirma que a coordenadora Ornelas é a “entrega à causa das mulheres vítimas de violência em Guanambi”.
De acordo à juíza da Vara Crime de Guanambi, Dra. Cecília Frota Dias, ela ficou impressionada ao ouvir o relato da Ten. Jacimara em programa de rádio de como cuidava das mulheres assistidas da Ronda Maria da Penha, foi quando percebeu o seu amor e paixão pelo seu trabalho, que estava na sua atuação.
A juíza, também, relatou que junto ao promotor haviam conversado com o comandante do 17º Batalhão, Cel. Mascarenhas, há algum tempo, e que o Cel. havia dito que após formação da ultima turma de soldados melhoraria a equipe da Ronda Maria da Penha, porém não houve mudança.
Dra. Cecília, trouxe a informação de que 1/3 dos crimes de Guanambi representam os crimes de violência doméstica, e que a Ronda Maria da Penha não tem uma viatura própria, uma equipe própria, “percebo um déficit de atuação do comando da Polícia Militar”. “A Ten. Jacimara tem atuação de uma heroína, de uma guerreira, porque trabalha além de suas forças, além de suas condições humanas de trabalho, se tivesse uma equipe mais extensa com plantonistas não precisaria no seu descanso pessoal assistir o chamado dessas vítimas, não teria que trabalhar nos fins de semana”.
Dra. Cecília Frota Dias, ainda expôs sobre a decisão em homenagear a Ten. Jacimara quando disse que, “é muito merecida essa homenagem, e outro ponto decisivo é o respeito que você tem por essas vítimas, a empatia como ser humano e mulher diante das oscilações que vivem essas mulheres para sair do quadro de violência”.
Dra. Mariana Costa, Defensora Pública, explanou que é muito simbólico ser uma mulher à frente desta função, e que tem a parceria da Ronda Maria da Penha, parabenizando a Ten. Jacimara pela atuação humana à frente da segurança pública.
De acordo Dra. Virgínia Aranha, delegada titular do NEAM de Guanambi, considera emocionante a homenagem para a Ten. Jacimara, pois acompanha o seu trabalho há bastante tempo, “ela é uma mulher inspiradora, uma mulher forte, uma mulher que não abaixa a cabeça para nenhuma dificuldade, esse momento é o mínimo que pode ser feito para reconhecer o trabalho da tenente Jacimara”, afirma.
A delegada fez pontuações sobre a precariedade do local que a coordenadora da Ronda Maria da Penha trabalha, numa sala nas instalações da prefeitura de Guanambi junto ao CREAS, após visita realizada ao local. Dias após a visita, ao encontrar com a coordenadora, que no momento estava nas rondas, a delegada questiona: “Se a senhora trabalha em um local com tanta deficiência, com estrutura precária, se não tem dignidade para quem trabalha ali, que dignidade é essa que vai oferecer para as pessoas que estarão sendo assistidas?”, e assim deixa mais uma cobrança para o poder público solucionar e melhorar a rede de proteção à mulher de Guanambi.
Radiante com a justa homenagem, após receber a placa, a Ten. PM Jacimara relata que há 5 anos recebeu a coordenação da Ronda Maria da Penha, com uma viatura, uma equipe com três policiais, depois passou pra cinco, depois perdeu tudo e agora está trabalhando com a força e coragem, o dia que deixam ela trabalha, o dia que não vai até o CREAS e faz ofícios e relatórios, orienta as mulheres por telefone, mesmo assim tem trabalhado. Ela também fala das dificuldades que enfrenta com as mulheres que querem assistências, mas tem outras que não querem a Ronda Maria da Penha na porta.
A Ten. Jacimara diz que a única coisa que as mulheres violentadas querem é um abraço e define com propriedade que, “o ciclo de violência só é forte quando uma mulher acha que ela não consegue romper”. “O que eu vou fazer? Perguntam as mulheres. Responde Jacimara: Vai lavar roupa, fazer faxina, fazer pastel, vocês podem fazer tantas coisas”, conta Jacimara a forma carinhosa e esperançosa que responde no intuito de tentar levar as mulheres a quebrar o ciclo da violência.
“Mesmo àquelas que não dependem financeiramente dizem que eles oprimem tanto emocionalmente que não conseguem romper, mas sabe por que? Porque o homem quando consegue violentar a mulher ele começa a dizer pra ela, você não é capaz, você acha que se eu te largar, alguém vai te querer?”, são exemplos encontrados no cotidiano da coordenadora Ten. Jacimara. “A resiliência é o ponto principal”, assim define a Tenente sobre a situação vivida pelas mulheres que tem dificuldade de se desprenderem desta violência.
A Ten. Jacimara Ornelas revela que Guanambi é uma cidade escandalosa em violência doméstica, “Salvador engole Guanambi diversas vezes, e não tem o dobro de quantidades de mulheres que eu acompanho. Tem cidades que são enormes, que acompanham duzentas mulheres, e eu estou com quase 450 mulheres sem equipe nenhuma”, expõe a realidade da Ronda Maria da Penha de Guanambi.
De forma enérgica a Ten. louva a Deus por ter dado estes anos a fortaleza em poder ajudar as mulheres que vivem a angustia da violência. “O que as mulheres precisam é só de denúncia, eu louvo a Deus hoje a gente ter uma Neam, porque as mulheres estão mais encorajadas ainda, porque depois que a Ronda Maria da Penha apareceu tem mulheres que levam um cutucãozinho e fazem denúncia, as vezes nem precisa, o cara só tá nervoso, mas elas vão lá e denunciam, quebram o ciclo da violência, com a Neam aumentou e com o CRAM mais ainda a quebra deste ciclo, em nome de Jesus”, desabafa a Tenente.
“Enquanto eu estiver a frente da Ronda Maria da Penha eu vou continuar dando o meu melhor, porque eu sou assim, aí eu agradeço demais essa homenagem, eu fico muito encantada quando Deus me honra, eu vejo este momento como uma honra de Deus na minha vida”, finaliza a Ten. Jacimara.
Major Moreira, representante do comandante 17º BPM, Ten. PM Jacimara Ornelas, Juíza Cecília Dias e o Promotor Elias Silva.
Prestigiaram a homenagem da Ten. Jacimara, a vice-presidente da Câmara, vereadora Eponina Gomes, a Procuradora da Mulher, vereadora Míria Paes, vereadora Maria Silvia Lilia, vereador Paulo Costa, Edneia Novaes, coordenadora do CRAM e equipe, Ilma Barbosa, presidente do Conselho dos Direitos da Mulher, Dr. Francisco de Freitas Júnior, promotor de Justiça de Guanambi, Dra. Tatyane Caires, Promotora de Justiça, Deputado Federal Charles Fernandes, equipe do Núcleo Especializado de Atendimento à Mulher (NEAM), Quésia Malheiros, membro fundadora do Movimento do Luto à Luta, Neide Lu, jornalista e membro fundadora do Movimento do Luto à Luta, Gleicy Santana, membro do Movimento do Luto à Luta, Major PM Moreira, representando o Ten. Cel. Hamilton Ferreira.
Membros do Movimento do Luto à Luta.
Na composição da mesa estiveram à Dra. Virgínia Magalhães, Delegada Titular do NEAM de Guanambi, o presidente da OAB Edvard de Castro, a Mariana Monteiro da Costa, Defensora Pública da Comarca Guanambi, a Ten. Jacimara Ornelas, homenageada, Dr. Elias Silva, Promotor e Dra. Cecília Frota Dias, juíza.
Edição: Neide Lu (MTBE 6466), Portal Fala Você Notícias
