Após a devastadora perda de sua mãe, Cheryl vê sua vida mergulhar em uma espiral autodestrutiva, entregando-se às drogas e destruindo seu casamento. Em busca de respostas e decidida a deixar o passado para trás, ela toma uma decisão radical: empreender uma caminhada de 1.770 quilômetros pela Pacific Crest Trail, que se estende do México ao Canadá.
A jornada, que se estende por cerca de três meses, não é apenas física, mas uma profunda imersão no próprio consciente. Cheryl busca, através dos desafios enfrentados na trilha, uma transformação interna, almejando respostas para os dilemas que a assombram.
A narrativa revela que, em peregrinações como essa, as maiores dificuldades não residem apenas no esforço físico, mas na confrontação direta com a mente, forçando reflexões intensas e sem possibilidade de fuga.
Como esperado, a aventura é repleta de momentos tensos e lições de vida. Cheryl enfrenta não apenas as adversidades do caminho, mas também as sombras de sua própria existência. O filme aborda temas complexos como perda, religiosidade, o término de relacionamentos, desapego do passado, violência doméstica, aborto e a difícil tarefa de escapar de uma espiral de autodestruição.
A produção expõe de maneira impactante os comportamentos de autoflagelação, evidenciados pelas queimaduras, machucados e escolhas alimentares que Cheryl faz, buscando materializar a dor interna e o desconforto invisíveis para os outros.
“Caminho Selvagem” não é apenas um filme, mas uma provocação à reflexão sobre as escolhas feitas ao longo da vida. É um sinal que incita à mudança ou à permanência em ciclos viciosos. Disponível na Netflix, o filme é classificado para maiores de 16 anos.
Uma experiência cinematográfica que desafia e inspira a repensar as próprias jornadas pessoais.
Por Maria de Lourdes Silva, psicóloga clínica TCC.
Edição: Neide Lu (MTBE 6466), Portal Fala Você Notícias