O uso desenfreado das redes sociais pode ter consequências psicológicas negativas para a saúde dos usuários e, pensando nisto, convidamos para o programa Fala Você Notícias desta quarta-feira (10) a Psicóloga Maria de Lourdes, afim de esclarecer melhor este assunto.
A Jornalista Neide Lu citou, em entrevista, que recebeu um vídeo do Psicólogo Rossandro Klinjey, cujo ele comentava sobre uma celebração do réveillon em Paris, o qual as pessoas que estavam presentes no evento se preocupavam em registrar as queimas de fogos com os seus dispositivos móveis, ao invés de interagirem diretamente com o ambiente e com as pessoas ao redor. Em relação a este advento, o Psicólogo Rossandro questiona: “Até que ponto estamos realmente presentes nestas experiências? Até que pontos renunciamos ao momento real em favor de uma versão digital, talvez menos autêntica?”.
Diante dos questionamentos colocados pelo Psicólogo Rossandro Klinjey, a Psicóloga Maria de Lourdes destacou outros questionamentos: “Em uma era digital, onde a conectividade virtual se destaca, será que estamos realmente desconectados do presente? Será que a busca por likes desenfreada e dos compartilhamentos está nos afastando verdadeiramente desta conexão humana?”. A Psicóloga Maria de Lourdes disse que, muitas vezes, perdemos o que está acontecendo agora para registrar e esquece de viver. Ela também questiona quantas vezes priorizamos a captura de uma foto ou de um vídeo sobre uma experiência real: “Eu gosto muito de fazer isso, de sentar em um restaurante e eu começo a observar, por vezes, as pessoas estão sentadas ali ao redor da mesa, mas estão todas mexendo no telefone e esquecem que o real propósito era sentar ali para ter uma refeição, uma conversa”, cita.
Segundo a Psicóloga Maria de Lourdes, o Relatório Digital in 2022 Brazil, diz que os brasileiros passam, por dia, quase 4 horas nas redes sociais. Ela também menciona um estudo da Royal Society for Public Health, que aponta que as redes sociais podem provocar diversos efeitos nos indivíduos; positivos e negativos, e que tudo irá depender de como as pessoas irão utilizar. Este mesmo estudo trás que 70% dos entrevistados disseram que o Instagram fez com que eles se sentissem pior em relação a sua autoimagem. 90% das mulheres entrevistadas disseram que se sentem infelizes com os seus corpos em razão da rede social. A pesquisa também conclui que o compartilhamento de fotos pelo Instagram impacta negativamente o sono, na autoimagem e aumenta os medos dos jovens de não viverem os mesmos acontecimentos que estão sendo postados.
Lourdes diz que as pessoas começam a se angustiar por não estarem vivendo os momentos que estão sendo postados pelas outras pessoas. Segundo ela, o que se percebeu nos estudos através da neurociência é que os meninos tendem a ficar mais nos jogos, nesta era virtual, e as meninas, nas redes sociais. Ela complementa que, em consultório, recebe pais de adolescentes e de adultos jovens angustiados, porque os filhos passam o dia dentro do quarto nas redes sociais, e eles não sabem o que fazer para tirar. Muitas vezes, estes jovens não querem sair com a família e nem fazer as refeições em família.
Conforme a Psicóloga Maria de Lourdes, a neurociência comprova que o ser humano pode ficar viciado no celular. Isso porque altera o comportamento e a forma como o cérebro funciona. Ela explica que o celular funciona em nosso cérebro como um mecanismo de recompensa, pois, cada vez que a pessoa posta e recebe um like, ela entende que aquele post está legal, algo que a faz estimular. Lourdes explica, por exemplo, que o Tic Toc funciona como um mecanismo de recompensa de um minuto, uma vez que, cada vez que o usuário passa o dedo, ele é recompensado a cada um minuto, e, cada vez que alguém curte o que foi publicado, há um reforço maior em relação a esta recompensa.
Dê um clique no vídeo, ou, no áudio e confira a entrevista completa.
Assista o áudio da entrevista:
Assista o vídeo da entrevista:
Edição: Dani Rodrigues (MTBE 6757) e Neide Lu (MTBE 6466), Portal Fala Você Notícias
