Intervenção Federal foi decisão ‘puramente política’, diz procurador da Lava Jato

21 de fevereiro de 2018

O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da Operação Lava Jato em Curitiba, afirmou que a decisão do governo Michel Temer de decretar intervenção federal na Segurança Público do Rio de Janeiro foi “puramente política”. O decano da força-tarefa recebeu a reportagem do Estadão na tarde desta terça-feira, 20, na capital do Paraná para falar do assunto. Apontou a ilegalidade nos mandados de busca e apreensão coletivos anunciados e avaliou que a medida busca ofuscar, não só a derrota do governo na reforma da Previdência, mas também o combate à corrupção. “É uma tentativa de desviar o foco de um problema que mina a Segurança, a Saúde…”, afirmou Carlos Lima, em entrevista exclusiva ao Estadão. Antes de iniciadas as questões, avisou não ser contra a intervenção federal. “Sou contra as coisas feitas da maneira improvisada que foram feitas e com objetivo que não o efetivamente o revelado.” O decreto de intervenção federal na Segurança do Rio foi assinado e anunciado por Temer na sexta-feira, 16, e aprovado pela Câmara, na madrugada de ontem, e no Senado, durante a noite. Em mensagem, no dia da assinatura, o presidente afirmou que a medida busca “restabelecer a ordem” no Estado tomado pelo crime organizado. “O problema é a visão eleitoreira da questão. Um dos objetivos é desviar os olhos da corrupção, sendo que ela é um ponto que tem que ser tratado como causa desse problema de Segurança Pública, é evidente”, afirmou Carlos Lima. “É apenas de produzir algum resultado que gere um resultado positivo nas urnas em outubro.” Procurador regional da República em São Paulo destacado para a força-tarefa da Lava Jato desde 2014, Carlos Lima diz que os movimentos do governo evidenciam que a medida foi tomada sem prévio planejamento. “Eu não acredito que eles realmente tivessem pensando no problema da Segurança Pública do Rio como um problema que tinha chegado a um limite que precisava ser tomada uma decisão… O que eu vejo, realmente, foi uma decisão puramente política, decorrente da perda da pauta da reforma da Previdência e, por isso, de uma escolha de uma pauta sabidamente popular, em um Estado dominado pelo MDB”. Para Carlos Lima, o objetivo passa pela tentativa de viabilizar um projeto de sobrevida política para o grupo do presidente Temer e de manutenção do MDB no Estado. “Eu vejo puramente como manobra política.” Na sua avaliação, o governo do Rio, sob esses critérios, poderia sofrer uma “intervenção total”. “Na verdade precisava tirar o governo do Rio inteiro, não é só a Segurança Pública que está um caos. Saúde no Rio está um caos, Educação está um caos, a Justiça do Rio está um caos.” As incertezas sobre as medidas adotadas são indicativos que a medida foi sem planejamento, avalia o procurador. “Eles não têm estudos, não sabem os limites legais, estão batendo cabeça. Ficam anunciando ministério, para depois dizer que estão procurando um nome, vão criar por medida provisória, depois por lei, que pode fazer mandado de busca coletivo genérico, que para mim é um absurdo, para depois dizer que não vão. Dizem que podem votar a Previdência, depois descobre que não pode, quer dizer, não sabem nada.” Politico Livre

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