Povo de Guanambi diz a Bamim que não aceita a barragem de rejeitos

28 de maio de 2019

A realização da sessão ordinária ocorreu após vários pedidos de populares na tribuna livre e por solicitação de vereadores que queriam uma audiência pública com a Bamim

O povo de Guanambi compareceu em massa na sessão da Câmara de Vereadores, nesta segunda(27), às 19h, pra dizer a Bamim que não aceita a  barragem de rejeitos.

A realização da sessão ordinária ocorreu após vários pedidos de populares na tribuna livre e por solicitação de vereadores que queriam uma audiência pública com a Bamim, que após reunião com os mesmos, chegaram ao consenso da participação de um representante na tribuna livre, para explanar o projeto da Mina Pedra de Ferro e responder perguntas do público.

Wilson Thibes, gerente de Mina da Bamim

O clima foi tenso, porque a população não aceitou os argumentos mostrados pelo Gerente de Mina da Bamim, Wilson Thibes. Veja a explanação do geólogo da Bamim.

A Bahia Mineração (Bamin) teve sua licença renovada no ultimo dia 21 de março de 2019, pelo Governo do Estado, por meio do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que concedeu uma nova licença de instalação  no município de Caetité, no sudoeste da Bahia, por seis anos. A portaria 17.973 foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE).

Os questionamentos giraram em torno do tipo de segurança da barragem,  que foi alterada no projeto da Bamim de montante para jusante após o crime de Brumadinho (MG), por ter sido proibida pela justiça a montante de ser construída no país. 

Empresários, representantes de  instituições públicas e religiosas, professores e alunos marcaram presença, preocupados com o futuro da cidade. Veja os questionamentos da população.

Assista as indagações da população.

O geólogo Thibes, ao falar da possibilidade no futuro de um rompimento da barragem Mina Pedra de Ferro, disse “que para os resíduos chegarem em Guanambi levariam duas horas”. Sua colocação foi rebatida de por várias pessoas ao lembrarem do sangramento ocorrido pela barragem de Ceraíma que em poucos minutos o centro de Guanambi ficou inundado.

Evilásio Bomfim, cirurgião dentista, afirma que diante da alteração da Barragem montante para jusante pela justificativa do INEMA, “a Bamim tem interesse é em economia e não na população”. Bomfim, também fez cobrança a empresa sobre a responsabilidade social que ninguém vê na região.

Evilásio Bomfim

O ex-vereador José Carlos Latinha, questiona os critérios de escolha do local para a construção da barragem, sendo que existem cinco possibilidades.

Venício Montalvão, secretário do MAM, pergunta a Bamim o que justifica Guanambi aceitar o projeto se as barragens de Minas Gerais estão estourando?

Venício Montalvão

As comunidades de João Barroca e Araticum, Distrito de Brejinho das Ametistas (Caetité), representada por seu Edson Rocha, e de Antas e Palmitos, representada por Cleide Souza,  do Distrito de Guiará (Pindaí), impactadas pela instalação na Área de Preservação Permanente (APP) do Riacho Pedra de Ferro pela Bahia Minerações (BAMIM), afirmaram que a empresa não cumpre com o que fala e mente nas informações do projeto em relação as nascentes e amparo aos que venderam suas terras, pois estão sofrendo.

Edson Rocha

Foi sugerido pelo povo um plebiscito com a população de Guanambi, que vai receber daqui há alguns anos apenas os rejeitos que forem acumulados  comprometendo as gerações futuras.

O Vereador Agostinho Lira, diz que o plebiscito já está acontecendo naquele momento e chama a atenção da população porque a Bamim não tem a autorização da ANA. “Existe a exploração a seco ou que se construa a barragem em outro lugar, porque o que vai se gastar não se justifica sequer a vida de uma pessoa, revejam outro local”, questiona.

Agostinho Lira

O vereador Vandilson Medeiros, relata seu histórico com a Bamim, quando esteve à frente da Secretaria de Indústria e Comércio do município de Guanambi e diz que a empresa não cumpriu com os acordos feitos com o município em profissionalizar pessoas através de cursos e patrocinar as instituições de projetos sociais da comunidade, “é balela as promessas da Bamim”.

Vandilson Medeiros (direita)

A vereadora Maria Silvia Lilia, diz que desde o primeiro momento que foi conhecer o canteiro da Bamim, não era favorável ao tipo de exploração. Ela faz  solicitação a presidência da Câmara de encaminhamento de pedido de cópia do processo administrativo da licença ambiental do INEMA concedida a Bamim. “ Se é pra explorar tem que ser dentro dos moldes sustentáveis”.

Maria Silvia Lilia

Durante as explanações populares foi cobrado a presença do prefeito Jairo Magalhães, Deputada Estadual Ivana Bastos, Deputado Federal Charles Fernandes e Deputado Federal Arthur Maia.

O geólogo Rangel Costa, que estava presente, questionado por nossa reportagem sobre as chances que teríamos sobre a BAMIN, esclarece que a empresa “tem as licenças ambientais e estão tentando a LO (licença de Operação). Para impedir a execução da Barragem de rejeitos, é necessário apoio político e jurídico”.

“Quando o INEMA em 2010 aprovou a licença ambiental (RIMA), não tinha os acidentes de Mariana e Brumadinho. Isso são fatos novos, que os técnicos devem avaliar uma ruptura hipotética, e a grande catástrofe que pode ocorrer”, considera Rangel.

Como sugestão à população o geólogo Rangel Costas diz que “o certo é obrigar a BAMIN a fazer um novo estudo de possíveis áreas para a barragem de rejeitos,  fora da bacia de Ceraíma. Eles estudaram cinco opções,  sendo quatro na bacia de Ceraíma e uma fora. Deveriam ter avaliado outras opções, fora as explicações de Wilson Thibes não foram convincentes,  falou falou e não explicou. Eu sou a favor da mineração mais sou contra a Barragem de rejeito na bacia de Ceraima”, afirma.

O presidente da Câmara, Zaqueu Rodrigues  e os vereadores Fabrício Lopes, Alnado Azevedo, Homero Castro, Fausto Azevedo, Rafael Macedo, Neto de Dim, Eponina Gomes, Vanderlei Florêncio, Edileno Oliveira, Tião Nunes e Carlos Jackson Loló, não se furtaram ao desejo do povo, e comungam do mesmo pensamento. 

As Paróquias de Santo Antônio e Geraldo Majella, encaminharam mensagem à Câmara de Vereadores pedindo atenção e intervenção as autoridades locais. Veja a mensagem abaixo:

Após o término da reunião em conversa com um dos gerentes da Bamim, Daniel Medeiros, foi perguntado sobre o que muda após esta sessão? Ele respondeu “que nada, o trabalho da Bamim continua do mesmo jeito”.  Portal Fala Você

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