Setor de bares e restaurantes de Guanambi demite e expõe os dramas vividos na pandemia; Associação tenta a inclusão do setor no Comitê Econômico

21 de março de 2021

Setor de bares e restaurantes demite 103 funcionários e o comércio varejista demite 30 funcionários, também ocorreu a redução salarial de funcionários. 

Um setor que vem sofrendo de forma dramática com os impactos gerados pelo fechamento do comércio como medida de combate a disseminação do coronavírus é o setor de bares e restaurantes em Guanambi, uma realidade comum ao setor no mundo.

De acordo pesquisa feita pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) 6,7% dos donos de bares e restaurantes decidiram encerrar o negócio permanentemente por causa da crise causada pela pandemia da covid-19. E ainda, 92% das empresas do setor tiveram queda no faturamento. Apenas 4,5% dos donos de bares e restaurantes afirmaram ter aumentado seus rendimentos no período da pandemia.

Em Guanambi, donos de 24 estabelecimentos (bares e restaurantes), revelaram a nossa reportagem do Fala Você Notícias, que já foram feitas 103 demissões e 09 reduções salariais dos funcionários. Dentre os empregados demitidos somam-se cerca de até 4 anos de carteira assinada, revelam os empresários. Mesmo com todas as perdas muitos deles estão buscando alternativas para não demitir, como dar férias, pagar só o dia trabalhado e ficar só com os entregadores delivery.

As demissões só não foram mais até o momento devido o apoio do governo federal no ano passado, afirmam alguns, “graças ao incentivo do governo federal que custeou parte do salário eu não demiti mais gente, porém não estamos mais tendo esse incentivo e a tendência é demitir mais”.

No dia 15 de março, após a retomada das atividades do lockdown em Guanambi, a empresária Neide Márcia da Distribuidora de Bebidas e Bar Balakov, na Petrônio Portela, revela “quando fui retomar minha atividade, fui surpreendida com um frezzer inteiro cheio de mercadoria perdida, como refrigerantes, salgados, bebidas que venceram. Não podia desligar o frezzer porque iria chocar, mesmo com a regulagem mínima em modo de resfriamento não suportou muito tempo. Muitos fardos de cerveja em lata perdidos, petrificaram e as latas estufaram”.

Neide Márcia, empresária

 

O empresário do Trapiche Bar, Sérgio Alves, conta que “eram 12 funcionários direto, hoje só tenho um e não sei se vale mais a pena retornar, qualquer situação a mais ou a menos somos os primeiros a ser penalizados, sem pena, sem dor, sem alma. Já desfiz de tudo que eu tinha direito pra manter o meu trabalho, o essencial, o sustendo, não valeu de nada. Ainda ontem fui fazer uma limpeza, e manutenção no restaurante, joguei tanta coisa fora. Pergunta se algum desses políticos vai bater na sua porta pra nos acalmar e dizer calma que vai da tudo certo, estamos com vocês, vamos fazer uma plano de recuperação? O que vejo, é mais e mais política de quem aparece mais nas fotos de Instagram .
Vale ressaltar que tenho o maior respeito pelo quadro epidêmico de hoje, pelas vítimas, pelas famílias. Mas quem tem o respeito pela minha família, por minhas obrigações? Eu e minha família, temos total consciência dos riscos, mais tenho o incentivos de todos eles (vai com Deus e quando retorno, que bom que você chegou!), quando saio para o trabalho para enfrentar toda essa situação com respeito e prevenção! Uma vida não tem que ser salva tirando outra!” finaliza seu desabafo.

A Associação Guanambiense de Bares e Restaurantes, no último dia 18, emitiu nota pública nas redes sociais expressando inconformação com as medidas tomadas pelo município de Guanambi em detrimento ao segmento, considerando que não são os responsáveis por aglomerações e disseminação do  coronavírus. Não se eximem das responsabilidades e expõem que a venda delivery é insuficiente para manter o comércio aberto. Ainda cobram do município um estudo cientifico para respaldar as medidas que estão sendo aplicadas.

Veja a nota na íntegra:

A Associação Guanambiense de Bares e Restaurantes (AGBR) vem respeitosamente expor sua irresignação (inconformada) com as reiteradas medidas tomadas pelo Município de Guanambi em detrimento dos comerciantes de Restaurantes, Lanchonetes e Congêneres, a quem os gestores atribuem a responsabilidade da aglomeração e consequentemente a disseminação do COVID-19, de forma evidentemente equivocada, porquanto sem nenhum estudo científico a respaldar ou endossar tais medidas restritivas em relação a esse setor da economia Municipal.

Temos consciência da notória gravidade da situação Epidemiológica e não estamos indiferentes à esta delicada e melindrosa situação, contudo, acreditamos que a implementação de protocolos de biossegurança corresponde à alternativa menos gravosa e menos prejudicial em face do puro e simples fechamento (lockdown), protocolo este que inclusive vinha sendo seguido à risca por todos os nossos Associados, sobretudo com o uso da máscara, disponibilização e utilização do álcool em gel e do rigoroso controle de distanciamento social.

Faz-se necessário esclarecer que a modalidade do delivery equivale a apenas 20% do faturamento de qualquer comércio e que não se sustenta a longo prazo, no entanto, existem medidas alternativas além daquelas citadas acima, como o controle de temperatura dos clientes e aplicação de multa para os estabelecimentos ou clientes que descumprirem as normas de biossegurança implementadas ou impostas.

A AGBR não suporta mais ver empresas quebrarem ou virem à falência na cidade por não conseguirem honrar seus compromissos de aluguel, conta de água, energia, folhas salariais, inclusive tributos de toda ordem.

Como tem acontecido desde o início da pandemia COVID-19, já se ultrapassou a numeração centenária de pessoas que infeliz e lamentavelmente perderam seus empregos a par do que a essa situação aflitiva se vê acrescida à angustia da ação do Vírus com o próprio desemprego em sua vertente mais cruel e perversa, diante do que nossa Associação reforça coerentemente a importância do diálogo franco, aberto e amplo para implementação de outras providencias às medidas já propostas, evitando-se o radicalismo proveniente da ação extrema do lockdown, que fatalmente levará ao caos econômico a todos nossos Associados.

Associação Guanambiense de Bares e Restaurantes – AGBR.

De acordo o presidente da AGBR, Diego Malheiros, a associação está sendo regulamentada, a sua diretoria é composta por seis membro, e o objetivo “é representar e desenvolver o setor de alimentação em toda Guanambi”.

Diego Malheiros, presidente da AGBR

No momento, a diretoria está elaborando um requerimento para levar a prefeitura solicitando a inclusão de um representante  no comitê econômico.

Segundo o presidente Diego, “entendemos que as decisões que afetam diretamente o comércio não podem ser tomadas sem ouvir a associação”.

Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), na primeira quinzena de março deste ano, 69% dos bares e restaurantes estão para fechar ou estão fechados na Bahia. Ainda segundo a Abrasel, entre os bares e restaurantes pesquisados, 44,1% não sabem como vão continuar abertos. Além disso, 77% das empresas pesquisadas não possuem recursos para pagamentos dos salários. A pesquisa revela também que 87,8% dos bares e restaurantes demitiram funcionários.

O comércio varejista também registra grandes dificuldades por terem quedas nas vendas, e fizeram demissões. Empresários varejistas que participam do grupo da União dos Comerciantes ditos não essenciais de Guanambi  disseram que já fizeram 30 demissões de funcionários.

Por Neide Lu – Portal Fala Você Notícias

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